Big Bang - A Sequência De Acasos Que Levou a Sua Descoberta
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Até meados dos anos de 1960, não havia evidência que sustentasse a teoria da Grande Explosão
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A Grande Explosão |
BBC NewsAdaptado da série 'The Genius of Accidents'
Muitas das grandes descobertas da ciência só vieram após extensas pesquisas, cálculos rigorosos e procedimentos controlados em laboratório. Parte delas, contudo, é resultado de uma combinação de erros, acasos e acidentes - a teoria do Big Bang é um exemplo.
A origem do Universo foi descoberta em um lugar em que ninguém buscava. E foi formulada graças a uma descoberta fortuita anterior - a que deu origem à radioastronomia, ramo da astronomia que estuda as radiações eletromagnéticas emitidas ou refletidas pelos corpos celestes.
"Na década de 1930, os laboratórios Bell estavam tentando criar radiotelefones, mas havia um sinal que estava interferindo nas transmissões pelo Atlântico. Pediram a Karl Jansky (físico e engenheiro de rádio) para investigar", contou à BBC News Sara Bridle, professora de astrofísica da Universidade de Manchester.
"Jansky elaborou um receptor de rádio especial para captar ondas de rádio em todas as direções. Foi chamado de 'carrossel de Jansky' porque rodava para localizar os lugares de onde vinham essas ondas", conta Bridle.
"Eventualmente, Jansky se deu conta de que elas vinham da constelação de Sagitário, que é onde agora sabemos que está o centro da Via Láctea", completa a professora.
Ela explica que esse foi o primeiro registro de ondas de rádio que vinham de fora da Terra e do Sistema Solar - e o início da radioastronomia, que abriu uma janela completamente nova para que o homem explorasse o Universo.
"Foi pura casualidade. E sequer foi um astrônomo", acrescenta a astrofísica Sara Bridle.
Descoberta importante
A descoberta foi importante porque revelou todo um pedaço do Universo que ainda era completamente invisível e, por isso, desconhecido.
Para o astrônomo Nial Tanvir, era como estar num quarto com pouca luz, observando assustado tudo o que se podia enxergar e, de repente, alguém aparece com um óculos de visão noturna.
"Se vamos além dos limites do que vemos com nossos olhos, temos o infravermelho, o micro-ondas, radio-ondas e, em outra direção, raios X e Y. Se usamos esses outros tipos de luz, normalmente nos deparamos com processos diferentes do que os que vemos com os nossos olhos", explica Tanvir.
A origem do Universo é, por excelência, um desses processos - comprovado graças ao acaso, que ajudou a demonstrar empiricamente o chamado Big Bang, ou Grande Explosão.
"A ideia do Big Bang, do ponto de vista teórico, é que num momento no passado, toda a matéria e toda a energia do Universo estava um único lugar e logo explodiu. Essa explosão marcou o início do tempo e da expansão do espaço, partindo do nada, e a expansão continua acontecendo", resume Tanvir. "Soa como uma teoria louca, mas é o que a matemática nos diz", completa o astrônomo.
A teoria da Grande Explosão ganhou força durante o século passado. No entanto, até meados dos anos 1960, ainda faltavam provas contundentes para derrubar teorias alternativas.
A evidência que faltava veio à tona graças à radiação cósmica de fundo em micro-ondas (CMB, na sigla em inglês), outro acaso.
"A descoberta da CMB foi feita por pessoas que nem sequer estavam procurando (a origem do Universo)", assinala a professora de astrofísica Sara Bridle.
Tudo começou com Arno Penzias e Robert Woodrow Wilson trabalhavam com uma antena supersensível - com design digno de filme de ficção científica (veja na foto abaixo) - desenhada para detectar as ondas de rádio emitidas pelos echo balloon satellites, satélites em formato de balão.
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